quarta-feira, 19 de março de 2014

Dica do capitão: obra de Paulo Francis sobre golpe de 64 traz reflexão atual

Paulo Francis publicou “Trinta anos esta noite” em 1994, trinta anos após o golpe que depôs o presidente João Goulart e lançou o Brasil à sua ditadura mais cruel: a civil-militar (1964-1985). Hoje, vinte anos depois da publicação e cinquenta após o golpe, a obra autobiográfica da “fera”, como aqui chamado por Geneton Moraes Neto, se mostra uma importante reflexão para os dias atuais.

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Polêmico, controverso, Paulo Francis foi um dos jornalistas mais lidos e comentados do Brasil. Talvez o número um nesse ranking. Escreveu para jornais durante quase toda a vida, com um estilo ferino, que não poupava ninguém. Levou o estilo para a TV nos anos 1980, quando se tornou comentarista político da TV Globo.

Alguns biógrafos dizem que a posição política de Francis variou da esquerda para a direita durante a vida. Não é a impressão que tive ao ler o livro. Se na primeira fase da carreira tinha posições mais à esquerda, era como uma reação ao poder, de direita. Se na fase final era reconhecido por suas posições à direita, isto também se caracterizava por uma certa ojeriza às estatais, ao Partido dos Trabalhadores e seu candidato à presidência, Lula. Mas repito: impressão minha.

Cresci tendo Paulo Francis como uma referência negativa em termos de jornalismo e discordo de inúmeros posicionamentos do autor. No entanto, o considero fundamental e indico a leitura por algumas questões. Primeiro, é preciso conhecer a história, e Paulo Francis faz parte da história do jornalismo brasileiro. Segundo, o estilo do escrita de Paulo Francis é magnífico. Curto, direto, de uma clareza impressionante, o texto de Paulo Francis é uma aula de como escrever bem.

O terceiro motivo para ler Paulo Francis, especialmente “Trinta anos esta noite: O que vi e vivi”, é conhecer parte da história do Brasil pela versão de alguém que viveu e teve acesso a inúmeros acontecimentos do período, que conversou com presidentes, generais, jornalistas, artistas  e empresários que fizeram a história do país. Nesse aspecto, chama a atenção a reflexão que considero crucial apresentada pelo livro: o que seria do país sem a ditadura civil-militar? Li “Trinta anos esta noite” como um lamento sincero sobre aquilo que o Brasil é o que poderia ter sido.

“Trinta anos esta noite” condena o golpe militar à lixeira da história. Obra importante em dias como hoje, nos quais a ignorância da história permite que tantos defendam o regime militar e que alguns até torçam pela sua volta.

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